A educação é um direito de todos, diz o artigo 205 da Constituição Federal de 1988. Um dever do Estado e da família, um direito do cidadão. Mas parece que temos falhado nessa missão como nação. O Brasil é um dos piores países no ranking mundial de educação, que avalia o desempenho dos alunos de 15 anos em 79 países e territórios, nas disciplinas de matemática, ciências e leitura. 

Desde a primeira participação no exame do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), nosso país ocupa as últimas posições. Estamos na 57º posição, perdendo para o México, Costa Rica e Uruguai, entre outros países da América Latina.

O Brasil ainda enfrenta muitos problemas com educação: 55% dos brasileiros com mais de 25 anos não tinham concluído o ensino médio até o ano passado. A faculdade, por sua vez, ainda é um sonho distante para a maioria da população: apenas 16% concluíram o ensino superior no país. 

Com a pandemia, a situação do ensino no Brasil se agravou ainda mais e o abandono da escola entre os alunos mais pobres se intensificou. Estamos perdendo a batalha de capacitar as novas gerações e levar nosso país a um patamar de ensino mais elevado. São inúmeros os relatos de estudantes sem acesso à internet e sem equipamento para poder estudar durante o período de isolamento social. 

A dificuldade de engajar alunos nas aulas remotas é enorme e a evasão tem crescido em uma escala sem precedentes. Exemplos não faltam:  uma professora de uma escola estadual no Ceará declarou à BBC News Brasil que “em uma turma do 1° ano (do ensino médio), dos 40 alunos, só uns 15 têm participado” das aulas remotas. O estudante William Gomes de Oliveira, de 14 anos, está desistindo de estudar porque não consegue acompanhar as aulas à distância da rede estadual em São Paulo, segundo matéria publicada recentemente no G1. “Minha antena é muito ruim, não tenho condições de ter uma antena melhor e a internet é ruim”, explicou a mãe do estudante, Débora Gomes de Oliveira.

 Em meu último artigo sobre filantropia, ilustrei os números e o volume de doações que empresários brasileiros têm feito em um imenso esforço para fazer chegar comida à mesa daquelas famílias cujos responsáveis pelo sustento perderam seus empregos. A perda de renda em consequência da Covid-19, irá impactar ainda mais o futuro da nação brasileira porque milhares de jovens não conseguem estudar e não completarão sequer o ensino médio.

Como transformar o Brasil no país do futuro se as futuras gerações não forem educadas? Fomentar a educação e a capacitação como forma de perpetuar o legado das famílias empresárias, tem sido o meu propósito, desde que fundei o Fórum Brasileiro da Família Empresária – FBFE, há cinco anos. Minha incansável missão é provocar as famílias empresárias fazendo-as despertar para a necessidade de dar oportunidades àqueles que não têm acesso à educação e capacitar as futuras gerações que irão liderar nosso país.

Uma pesquisa recente do Instituto Locomotiva mostrou que a educação é prioridade para a maioria dos brasileiros: oito em cada dez (78%) acreditam que os recursos públicos deveriam ser direcionados prioritariamente para o setor e nove em cada dez  (90%) dizem que a educação é o principal caminho para crescer na vida. Outro resultado que merece destaque é o fato de 89% da população ter interesse por assuntos relacionados à educação.

Quando conheci o Eduardo Lyra, fundador da ONG Gerando Falcões, disse a ele que trabalhávamos para a mesma causa: educação. Porém, com os extremos opostos. Desde nosso primeiro encontro, construir pontes entre os que mais precisam e os que nasceram em “berço esplêndido”, tem sido uma missão incansável tanto no meu lado quanto no dele. 

Prova disso é seu novo programa de educação, “Doe um Futuro”. Por apenas R$ 49,90 por mês qualquer pessoa pode doar um pacote de dados e o acesso a um aplicativo com conteúdo educacional, ou seja, uma bolsa digital para que jovens da periferia possam estudar. Uma ideia simples que tem causado uma revolução. 

Nós, empresários, precisamos ajudar mais Eduardos em todo Brasil, criar oportunidades de acesso ao ensino para aqueles que não as têm e fomentar a educação como o principal legado que podemos deixar para nossos filhos, nossas famílias, nossa nação. Somente por meio dela conseguiremos fazer com que o Brasil seja o país do futuro.

Nelson Cury Filho é especialista no desenvolvimento da família empresária, consultor na Cedar Tree Family Business Advisors, mentor, autor do livro: “Sucessão ou Morte da Empresa Familiar” e fundador do Fórum Brasileiro da Família Empresária – FBFE.

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