No dia 7 de abril, foi realizado o FBFE Ribeirão Preto 2022, mais um evento totalmente dedicado ao Family Business. A sétima edição na cidade, e a primeira presencial depois de dois anos de pandemia, teve como temática central a Diversificação de Investimentos.
Nelson Cury Filho, fundador do Fórum Brasileiro da Família Empresária – FBFE, abriu o dia dedicado ao Family Business Investment, saudando todos os participantes presentes no evento, além dos patrocinadores e palestrantes da J.P. Morgan Private Bank , Even Construtora e Incorporadora, Carpa Family Office, SFA (Seeking for Alpha) Investimentos, Grant Thornton e Urca Prime (Jaguar e Land Rover).
Antes de chamar a primeira palestra do dia, Nelson destacou a importância das famílias empresárias trabalharem e perpetuarem seu patrimônio ao longo das gerações. Contou também que hoje, os eventos de liquidez estão cada vez mais frequentes tornando as famílias muito líquidas por meio de fusões, distribuição de dividendos, investimentos em ativos imobiliários e que se faz necessária a estruturação de seus Family Office.
“É importante que as famílias entendam o quão vital é o planejamento patrimonial, seja terceirizando o serviço ou criando a sua própria estrutura, lembrando de nunca colocar todos os ovos na mesma cesta”, alerta Nelson.
No jornal Valor Econômico de março foi divulgado um dado interessante: no Brasil, a gestão de patrimônio cresceu 22% e supera hoje R$ 320 bilhões;  mesmo levando-se em consideração o cenário desfavorável em que estamos vivendo que envolve a alta de juros, eleições presidenciais (indefinição do vencedor), correção de juros nos Estados Unidos, guerra na Ucrânia, mundo pós-pandemia e alta de comodities.
Apesar disso tudo, a expectativa é a de que as famílias empresárias invistam em economia real, ações, fundos de private equity, venture capital, fundos imobiliários e ativos globais. Fenômeno que está acontecendo no mundo inteiro. As famílias empresárias estão procurando criar as suas próprias estruturas ou terceirizá-las, afim de gerir melhor seu patrimônio.
Nelson apresentou dados de uma pesquisa realizada pela Campden Wealth em 2019, que diz que o número de Family Office na América do Norte cresceu 41%. Sobre o Brasil, ainda não há pesquisa tão detalhada, mas o FBFE junto com a Grant Thorton estão desenvolvendo uma que deverá ser divulgada ainda em 2022.
Porém, apesar dos Family Office serem uma tendência mundial, muitas famílias ainda têm dificuldade de estruturar o seu próprio e até mesmo entender se devem terceirizar o serviço ou não. Os cases que foram apresentados no evento trouxeram muitas informações práticas sobre estas dúvidas que, em maior ou menor proporção, toda família empresária que vai montar um Family Office tem.
Segundo Nelson, antes de estruturar qualquer Family Office ou mesmo pensar em investimentos, a família tem de saber o porquê querer estruturar; quais são os objetivos deste investimento?  Devem haver metas relacionadas? Pensar na próxima geração, em sua capacitação? Quem que vai administrar?  Membro da família?
Estrutura profissionalizada? É preciso pensar também nos valores e objetivos filantrópicos da família. Fenômeno que também cresceu muito durante a pandemia. As famílias empresárias estão mais preocupadas e interessadas nesse assunto. A questão é se devem desenvolver a sua própria ONG (estrutura complexa) ou direcionar recursos diretamente para uma ONG já existente. O importante é ajudar o próximo, retribuir e ajudar a sociedade de alguma forma.
É preciso pensar também se os ativos serão mantidos em Pessoa Física, Holdings Patrimoniais ou Trust. Há ainda muitas empresas do agro que são na Pessoa Física,  o que pode gerar contaminação de bens. É sabido que a empresa familiar passa por muitos problemas e está sempre sujeita a ter bloqueio de patrimônio, ações trabalhistas e é por isso que é importante fazer a proteção patrimonial e pensar numa estrutura dessas.
Nelson, entre tantos questionamentos, provocou os presentes sobre quem deve administrar a empresa familiar. A próxima geração ou a geração mais antiga? A administração será uma autocracia ou uma democracia? As ações serão tomadas por consenso? Quem manda? Quem obedece?  Quem vai administrar esses bens ou mesmo tocar este negócio? As decisões serão tomadas por um único líder ou via comitê? É necessário se pensar no processo de escolha das lideranças futuras.
É um debate produtivo pensar como serão feitas as tomadas de decisão com a chegada das gerações mais novas. É necessário fazer um alinhamento familiar que dê a devida importância para o conselho de família para que todos os membros possam conversar e tomar decisões em conjunto.

Emfim o que é preciso fazer para estruturar e perpetuar o patrimônio?

Nelson diz que antes de qualquer coisa, deve-se unir e alinhar a família.
“Unir sobre os valores familiares, sobre as diferenças de quem está ou não na gestão. Muitos querem receber dividendos, outros querem reinvestir, então família, negócios, e patrimônio precisam estar muito bem alinhados antes da tomada de decisões”, completa.
Segundo ele, os relacionamentos familiares podem sofrer quando não há valores compartilhados, mas apenas fortes conexões financeiras. Se a família está unida só pelo dinheiro, talvez, lá na frente, vai haver problemas e uma ruptura.
A governança deve desenvolver mecanismos, fórum para discussões, criar regras, políticas e acordos para ajudar a tomar decisões e manter a família comprometida e informada. É preciso pensar na profissionalização da família e dos negócios e fazer com que seus membros entendam profundamente os ciclos de suas organizações.
“Negócios vão e vem, mas se a família se mantém empresária, empreendedora, mesmo que o negócio amanhã não esteja mais aí, a família continuará  sendo gestora do seu patrimônio”, diz Nelson.
Segundo ele, é preciso diversificar (uma das máximas de Warren Buffet), tomando cuidado onde irá investir e investir também no desenvolvimento de talentos e na capacitação dos membros familiares. A formação dos herdeiros é vital, pois trazem a disrupção e a inovação para as empresas familiares.
E para concluir, Nelson diz que família tem de estar unida, não por algema, mas por uma cola que nada mais é do que os valores familiares. Ao citar John Davis, a quem chamou de guru, Nelson encerrou a sua abertura: “Negócios vão e vem, mas famílias empreendedoras podem durar gerações.Manter o ímpeto da família e aumentar seus ativos, são a verdadeira medida do sucesso de uma geração para a outra. A base do sucesso da família empresária é se manter unida para evitar a pulverização do patrimônio”.

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