Para Nelson Cury Filho, abraçar a causa das mulheres, e ter um olhar para a inclusão e a equidade de gênero, tema que explorado nos três dias do evento, foi sempre a ideia central do FBFE Mulher. Há alguns anos a iniciativa vem promovendo eventos que reúnem herdeiras de famílias empresárias que, não necessariamente, fazem parte do dia a dia da empresa, na sua gestão ou em cargos executivos.

Para o FBFE, a acionista, ou uma herdeira bem capacitada tem um papel muito importante seja na empresa, na família, na gestão do patrimônio, ou na filantropia; papéis que precisam ser desenvolvidos para gerar cada vez mais impacto.

Nelson Cury Filho

Infelizmente o percentual de mulheres nas cadeiras de conselho é muito pequeno. Juntando as empresas de capital aberto e os familiares, apenas 8,6% são destinadas as mulheres (nos EUA a participação é de 17% e nos países nórdicos de 35%). E quando as empresas familiares de porte médio são olhadas fora do todo, esse número cai ainda mais: não chega nem a 4% de participação. Um dado alarmante que precisa ter uma atenção especial para que essa realidade possa ser mudada o quanto antes.

Daí a importância de um evento que não só levanta temas nevrálgicos sobre a participação da mulher em diversas esferas. Afinal, qual o papel você ocupa na família, na empresa e na sociedade? Foi com essa instigante pergunta que se deu início o primeiro dia do FBFE Mulher 2021. Segundo Nelson, a mulher pode estar ocupando um papel relevante dentro da família, dentro da empresa e também impactando a sociedade.

“Notamos um viés grande de mulheres que se auto boicotam, que não se permitem estar a frente dessa liderança porque vêem de uma cultura patriarcal. Muitas vezes suas escolhas são contaminadas pelo estilo do fundador ou pela cultura da família. Os tempos mudaram, e as empresas familiares precisam acompanhar esse movimento” afirma Nelson Cury Filho.

Nelson Cury Filho

Globalmente o progresso na diversidade de gênero vem crescendo ano a ano, embora muito lentamente. O caminho ainda é longo para que a igualdade de gênero chegue à cúpula das empresas familiares.

Em 2019, pela primeira vez na história houve um aumento das mulheres nas posições de comando o que correspondeu a 29%, ultrapassando ¼. Sendo que a média global tem de um crescimento de 1 a 2% ao ano. Nesse ritmo, demoraria uns 30 nos para ser alcançada a equidade de gênero nos conselhos de administração. Bem diferente da Islândia que lidera o percentual de mulher no mercado de trabalho com a impressionante marca de 85,6%

Estudos recentes, apontam que a presença feminina em cargos de liderança estão dando retorno patrimonial maior do que as que não possuem mulheres nesses quadros. E ainda empresas que não valorizam a igualdade de gênero possuem mais problemas relacionados à governança.

“A diversidade de gênero não é somente a coisa certa do ponto de vista social, mas também porque é melhor para a humanidade e para os negócios”.

Pela Revista Forbes, as empresas mais admiradas têm o dobro de mulheres em cargos em comparação com as demais instituições. Ou seja, não é mera coincidência que a participação feminina vem aumentando ano a ano. Hoje, cada vez mais, as mulheres estão à frente dos negócios familiares. Pesquisas citam que as mulheres são mais propensas a participar ativamente do processo decisório e inspirar colegas no desenvolvimento de pessoas.

“Precisamos quebrar essa barreira cultural e implantar as melhores práticas de governança e inclusão. Empresas com mulheres nas frentes de comando estão performando melhor. E é por isso, que é necessário ampliar a participação e a voz das mulheres nas empresas familiares” afirma Nelson Cury Filho.

* Extraído da palestra realizada no FBFE Mulher 2021.

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