Afinal o que leva milhares de pessoas a investirem seu dinheiro em uma fraude? Como assegurar seus rendimentos financeiros e garantir a segurança de seus investimentos a longo prazo?

O momento é muito oportuno para debater as alternativas de investimentos à disposição das famílias empresárias brasileiras, ajudando-as a proteger o seu patrimônio.  Os “family offices” têm tido participação ativa no ecossistema de investimentos na última década, seja liderando rodadas de empreendimentos em estágio inicial  ou participando de fundos de capital de risco que investem em inovação.

Segundo o primeiro estudo detalhado sobre investimentos de family office, realizado pela Campden Wealth e pelo SVB Financial Group, 91% dos 118 Family Office entrevistados disseram investir ativamente no estágio inicial de investimento de risco.  Realizada entre outubro de 2019 e fevereiro de 2020, a pesquisa mostrou também que as novas gerações estão mais envolvidas com investimentos em filantropia e com venture capital. 

Os investimentos em portfólios de risco, fundos e investimentos diretos geraram uma taxa interna de retorno média entre 14% e 17%. Mas dadas as condições de mercado, as expectativas de retorno futuro estão sendo revisadas para baixo. Com a covid-19 — em função da pandemia algumas entrevistas do estudo foram atualizadas – os family offices estão mais cautelosos. Ao mesmo tempo, a pandemia reforçou o interesse pelas ações do setor de tecnologia, o que tem levado as bolsas norte-americanas a baterem recordes de alta.

No Brasil, o mercado de investimentos passa por uma profunda transformação, ganhando sofisticação e internacionalização, na esteira da queda da taxa de juros, que está no patamar mais baixo da história. Como o dinheiro passou a render menos nas aplicações de renda fixa tradicionais, estamos vendo uma expressiva migração para o mercado de ações, e o conceito de diversificação assumiu um significado muito maior com a possibilidade de investir em ativos no exterior. 

O número de investidores na B3 saltou de 620 mil em 2017 para 3 milhões em 2020.  O volume diário negociado supera os R$ 25 bilhões, crescimento de mais de 50% ante o ano anterior. 

Mas, ao contrário do que vimos acontecer em 2017, os investidores estrangeiros estão saindo da B3.  Ano passado, até setembro, o saldo de capital externo está negativo em quase R$ 90 bilhões,  recorde histórico, e representa quase o dobro da saída registrada no ano 2019 (R$ 44,5 bilhões).  

A fuga de capital estrangeiro reflete as incertezas com o cenário macroeconômico, em especial com o atraso da agenda de reformas — tributária e administrativa – e com a piora do quadro fiscal, além da falta de compromisso com as metas de sustentabilidade. Assim como outros países, o Brasil elevou os gastos devido aos estímulos fiscais, aumentando a dívida bruta, que deve alcançar 93% do PIB ao fim de 2020.  

A pandemia adicionou ainda mais incerteza a um cenário já turvo.  Mas a despeito da saída dos investidores estrangeiros, a bolsa brasileira vive uma febre de ofertas iniciais de ações, os IPOs.  Neste ano, 16 empresas fizeram IPOs, movimentando mais de R$ 10 bilhões. E a fila de companhias que querem abrir capital só aumenta.  Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), há 41 empresas aguardando a autorização.  

Por outro lado, as bolsas nos Estados Unidos têm renovado máximas históricas, o que ajuda a explicar, em parte, essa saída de capital externo do mercado doméstico.  No ano (até 15 de outubro), o Nasdaq registrava alta de 31% enquanto o S&P 500 subia 6,7.  O rally das ações de tecnologia — setor tido como grande vitorioso da crise provocada pela pandemia — está impulsionando as bolsas. As empresas que navegam pelo mundo digital estão sendo vistas como alavanca da recuperação da economia global.

A corrida ao mercado local de ações é liderada pelos pequenos investidores, que passaram a ter acesso às ações listadas nas bolsas no exterior via BDRs – Brazilian Depositary Receipts (recibos negociados na B3 com lastro em ações de companhias estrangeiras). Antes só investidores com mais de R$ 1 milhão podiam aplicar em BDRs. 

Outra tendência que vem conquistando espaço são os investimentos ESG – Environmental, Social and Governance. A pressão por essa natureza de investimento é liderada por investidores institucionais, family offices, wealth managers, fundos de pensão, endownments  entre outros.  Aqui, ainda estamos engatinhando em termos de investimentos ESG. A Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) estima que o volume de recursos aplicado em fundos de ações sustentáveis represente apenas 1% da indústria. No mundo, essa fatia é de 36%, segundo o Global Sustainable Investment Alliance.

Diante de tantas alternativas e mudanças no mundo dos investimentos, o desafio dos Family Offices e investidores é acompanhar a evolução e as tendências do mercado, promovendo o rebalanceamento de portfólios, conforme os objetivos estratégicos da família. 

É preciso estar atento e não cair na tentação de investimentos duvidosos. Se você procura consolidar seu patrimônio e construir uma estrutura sólida para o futuro sem incorrer em riscos com o esquema Madoff, aconselho e assessoro famílias empresárias em seu planejamento patrimonial e sucessório, bem como estruturarem seu Single Family Offices. O caminho é administrar seu patrimônio como você administra sua empresa.

Nelson Cury Filho é especialista no desenvolvimento da família empresária, consultor na Cedar Tree Family Business Advisors, mentor, autor do livro: “Sucessão ou Morte da Empresa Familiar” e fundador do Fórum Brasileiro da Família Empresária – FBFE.

Fonte: Estadão

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